Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar na região do Baixo Tocantins
Região: Baixo Tocantins, município de Cametá.
Público: Agricultoras/as, Agroextrativistas e Pescadores Artesanais, extrativistas/ribeirinho, comunidades tradicionais do Município de Cametá, Limoeiro do Ajuru e Oeiras do Pará.
Período: novembro de 2004 a outubro de 2008.
Financiador: União Europeia- EU e Ongs francesas ESSOR e Vétérinaires Sans Frontières VSF/CICDA.
Metodologia: O projeto foi elaborado para dar continuidade e estender as ações do primeiro projeto de desenvolvimento rural de Cametá. Adota a mesma metodologia desse primeiro projeto. Foi estruturado em quatro eixos principais:
1. Apoio e acompanhamento técnico e formação profissional agrícola para agricultores/as os principais resultados alcançados até foram:
Na formação:
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482 agricultores/as e agroextrativistas foram formados em Limoeiro do Ajuru e Oeiras do Pará;
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49 comunidades envolvidas de forma ativa e regular nas discussões de formação e produção sustentável, em ilhas, várzeas altas e terra firme;
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Aperfeiçoamento do conhecimento nas produções tradicionais, melhorando a produtividade (uma pesquisa está em curso de sistematização para avaliar de forma mais detalhada os resultados da formação);
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Novos conhecimentos foram agregados ao saber fazer dos agricultores/as e agroextrativistas.
Na produção:
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Maior consciência ecológica: produzir e preservar;
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Organização como na produção;tanto na Agroecológicos Aprimoramentos dos conhecimentos
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60.700 mudas de essências florestais e frutíferas com grande parte de espécies regionais;
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250-300 colméias de abelhas com ferrão, com produção entre 12 e 15 litros por caixa anualmente;
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105 caixinhas de abelhas nativas divididas entre multiplicadores/as;
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Melhoria da qualidade dos frangos para carne tendo melhor renda com o bom ganho de peso, melhoramento de raças e fabricação de rações alternativas;
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200 tanques de criação de peixes, alimentados em boa parte com ração alternativa;
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Produção de alimento e geração de renda para as famílias;
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Diversificação das produções;
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As famílias rurais dão importância para o planejamento e gestão da propriedade;
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Aumento significativo de áreas de manejo agroecológico da floresta e do açaí;
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Melhoramento da qualidade da farinha de mandioca;
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Aproveitamento de matéria orgânica para adubação;
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Recuperação do solo com uso de leguminosas;
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Implantação de sistemas agroflorestais com sombreamento de pimentais;
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Produção de 150 hortas familiares.
Na comercialização:
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Em Cametá, via Rede de Multiplicadores/as articulação de projetos de comercialização através do programa de estruturação de redes de produção e comercialização CONAB1/PNUD: formação de estoque de farinha de qualidade, doação simultânea de mel para Pastoral da Criança;
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Comercialização de açaí in natura através da cooperativa CART;
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Comercialização de peixes oriundos da piscicultura nas comunidades e na sede municipal de Cametá;
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Comercialização na Feira da Agricultura Familiar e Solidária.
2. Formação agrícola para adolescentes: a Casa Familiar Rural de Cametá.
3. Educação em saúde e cidadania para as mulheres os principais resultados alcançados são:
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590 mulheres rurais formadas. Esse resultado demonstra o grande interesse do público sujeito por esse tema, além de responder à necessidade das comunidades;
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Aplicação dos conhecimentos adquiridos sobre saúde preventiva;
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As famílias tomam mais cuidados com o ambiente em que vivem, melhoram as práticas de higiene e de consumo da água;
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As mulheres estão sensibilizadas para prevenção do câncer de mama e de útero, buscando realizar os exames preventivos;
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Há maior consciência por parte das mulheres em relação aos seus direitos;
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Há elevação da autoestima, percebida na intervenção em espaços públicos de debate da sociedade civil e na relação com governos locais, especialmente das mulheres mais jovens;
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Preocupação para a diversificação da base nutricional das famílias;
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Maior valorização de plantas e ervas medicinais e produção de remédios caseiros; solução autóctone de cura e prevenção de doenças.
4. Fortalecimento da Sociedade Civil nesse eixo atua-se com 2 estratégias:
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Intervenção direta nas comunidades que visa o estabelecimento de uma assessoria técnica integrada, através de uma equipe interdisciplinar, que atue na formação, produção, comercialização e meio ambiente, gênero e organização social (através dos conselhos, fóruns e movimentos), visando o empoderamento técnico e político do público dos sujeitos, para que sejam os protagonistas do desenvolvimento. A operacionalização da integração das ações deve se dar pela ferramenta de plano de desenvolvimento comunitário PDC, permitindo um melhor monitoramento das atividades integradas de impacto;
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Intervenção junto às instituições visando o fortalecimento institucional das organizações locais (STRs, cooperativas, associações), com apoio para o planejamento, gestão e avaliação, captação de recursos, comunicação, entre outros demandas institucionais.
Comentários:
O projeto tem uma visão global dos problemas e das atividades, que corresponde mais a realidade das famílias e de cada comunidade. O trabalho de fortalecimento da sociedade civil ajudou a construir essa dinâmica, respondendo assim a maior mobilização e disponibilidade dos beneficiários. A atuação da APACC assim como os resultados do projeto tem um reconhecimento cada vez mais importante, á nível regional e nacional. Prova disso são as publicações e participações da APACC em redes e revistas que tratam do desenvolvimento agrícola, agroextrativista, de economia solidária, agroecológico, e processos de transição agroecológica na região amazônica. As relações com instituições públicas federais ou estaduais e fundações se fortalecem e se diversificam sinal de confiança e reconhecimento da qualidade do trabalho e da capacidade de atuação. Isso constitui uma base ainda frágil, que deve ser fortalecida para estabelecer novas parcerias e assim aumentar os canais de colaboração capaz de garantir a sustentabilidade das ações a médio prazo, um dos principais desafios da APACC na região. Esses três anos somados ao primeiro projeto permitiram a APACC de constituir um capital humano e de experiências de referencia. O atingimento dos resultados quantitativos com impactos positivos sobre a saúde e a economia das famílias e o meio ambiente coloca a APACC numa posição favorável para atuar nessa região.